#73 – O Sacrifício de Animais (Texto 02)

Nota: Esse é um tema muito complexo, muito mesmo… irei falar aqui apenas meus pontos de vista.

Quero salientar que não sou nenhuma autoridade de terreiro, e nem estou aqui para falar por ninguém que pratica um culto de cunho afro-brasileiro ou afro-americano.
Meu nome é Kefron Primeiro, e só falo por mim e só represento a mim, e aqui esta o que entendo disso.

Antes demais nada quero fazer algumas colocações… sacrificio

• Antes de seguir adiante, faça uma pausa e coloco que de lado tudo o que você acha sobre sacrifícios… para algumas pessoas é errado, alias erradíssimo, mas veja, isso é algo cultural, e nem todas as religiões são iguais, nem todos os fundamentos de religiosos são iguais, e nem todas as pessoas são iguais, e nem todos os deuses, santos, espíritos, orixás, são iguais… os Deuses de alguns não precisam de Sacrifícios, os Deuses de outros precisam… o que fazer? Bom, respeite! Porque aqueles que fazem sacrifícios, não criticam os deuses de quem não faz… então porque criticar os deuses de quem faz? Se é sobre igualdade religiosa que se fala, o que custa respeitar?

• Nem todas as pessoas podem fazer sacríficos de animais, o sacrifício ocorre apenas em algumas religiões, e as pessoas que sacrificam são treinadas, recebem uma espécie de ordenação para fazer o que fazem, não é qualquer um que pode realizar sacrifícios… o sacrifício ritual está presente desde as mais remotas culturas, desde os mais remotos cultos… não é uma propriedade dos cultos “afros” um exemplo é os “druidas”, eles realizavam sacrifícios…

• Algumas pessoas falam sobre a modernidade, sobre os Deuses não precisarem “disso” ou “daquilo”, a questão é, os “Deuses” não são tecnologias… não são como os celulares…

Em vista disso, vamos lá…

O mundo dos homens e o mundo dos espíritos é igual, assim como precisamos nos alimentar, alimentamos aqueles do outro lado que nos ajuda em nossas caminhadas…
Em algumas vertentes do culto Afro, existem certos Jarros Espirituais, tais jarros contem o espirito do “Orisá”, esse espirito não esta incarnado, nem muito menos é uma montagem para atrair a força do espirito… o espirito para a ser parte do local onde o jarro (seu corpo) é então colocado…
Essa questão é um tanto complexa, eu poderia falar sobre isso, mas em outro momento. sacrificio b

O que acontece é, fazemos vários tipos de oferendas, como: ervas, bebidas, frutas, amido… mas tais oferendas não iriam nutrir tanto o orisá (o loa, santo, Deus…). Tais oferendas são frias, e os orisas precisam de calor também, o calor vem das oferendas de animais… isso potencializa o poder do orisá nesse mundo de vivos – longe do mundo dos ancestrais -, ele ancora as energias do orisá…

Mas o sacrifico do animal não é algo ruim, ele é dado ao orisá, mas sua carne é consumida pela comunidade.
Assim como nos alimentamos, alimentamos os nossos antepassados… as vezes não entendo porque parece ser tão difícil para algumas pessoas entenderem isso.

Muitas pessoas falam sobre as oferendas que são deixadas nos despachos… eu particularmente acho isso horrível, mas eu particularmente entendo… quando uma pessoa esta com um problema – e geralmente os problemas são sérios demais, e sei que nem todos tem problemas, mas algumas pessoas tem (eu por exemplo assumo, não sou blindado e nem de ferro, aqui o santo é bem de barro, e eu tenho problemas, as vezes sérios..)… -, um animal é utilizado como um mensageiro e ao mesmo tempo um presente, ele será a oferenda…
Algumas comunidades passam o animal no corpo da pessoa, assim o animal (mensageiro) irá capitar todo o problema, ele ira pegar todo o problema para ele, irá sugar o problema para dentro de si, e irá levar o outro lado… o animal é dado de de presente para o espirito, então esse animal não é consumido… ele é dado completamente ao espirito, como uma forma de agradecimento pela solução que chegará em breve…

As pessoas falam sobre o Asé (axe), alguns dizem que o bom Asé vem dos sacrifícios, mas não é, isso é um entendimento errado… segundo a tradição Lucumi, o asé provem de Olorun, vem de sua energia divina e também dos orisás…

Assim, para algumas pessoas é certo fazer sacrifício de animais – e apenas a essas cabe o direito de falar sobre suas culturas, sobre seus modos, se é errado ou não, não compete a ninguém de fora…sacrificio c
Não compete a outras religiões falar sobre fundamentos aos quais não pertencem ao seu corpo de crença, pois essas geram muitos desentendimentos – afinal, como falar sobre algo que não conhecem? Afinal, como dizer: “é errado!” se não tem base para sustentar a afirmação.

Eu não tenho religiões, mas tenho todas elas… eu não faço sacrifícios – nunca fui treinado para isso -, mas não vejo isso como algo errado.

Mantenha suas praticas, sua cultura, seus modos e peculiaridades, Sadio… Não julgue o modo de vida do outro com base no seu modo de vida, nem a cultura alheia com base na sua cultura.

Fico por aqui.

Kefron.

 

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