#147 – O Chamado do Sangue Conjure

Há uma coisa que nos aproxima, nos liga nos torna uns com os outros… nosso sangue.

Nosso sangue é tão misturado que não sabemos ao certo onde começamos e onde eles terminam – quando falo “eles” falo de outros povos: Europeus, britânicos, americanos, italianos… muitos desses povos vieram do antigo mundo, para o nosso, o novo mundo… e com eles trouxeram seu misticismo, seus dons sobrenaturais – sabe, aqueles dons que vão além do normal…

Em 2013 quando comecei a difundir o Hoodoo no Brasil, Denise Alvarado, uma Mambo do Voodoo Americano, me disse que o Hoodoo Brasileiro não era o mesmo do Hoodoo da América, simplesmente porque não era o Sangue deles, não era as terras deles, não era as vozes deles que conjuravam… poderíamos utilizar as técnicas, mas não seria Hoodoo, seria qualquer coisa, uma variação… um estilo diferente do deles, por mais que usássemos a técnica, não seria o Hoodoo Americano…

Então ela me disse o seguinte, já que você sabe as técnicas, desenvolva o seu estilo, de um nome a ele… no começo eu pensei em chamar de Estilo Kefron Primeiro, porque todas as pessoas que aprendiam comigo, aprendiam aquele meu estilo… entendi que Tradição não se cria, tradição acontece… não existe a possibilidade de criar uma tradição, existe a possibilidade praticar algo, ate virar corriqueiro e quando percebemos lá esta uma tradição, de tanto que praticamos… então decidi que não iria criar um estilo, iria apenas praticar as técnicas do Hoodoo Tradicional, iria usar as velas como são usadas no Hoodoo, iria vestir as velas como são vestidas no Hoodoo, iria preparar banhos, lavagens de chão… como é feito no Hoodoo… não iria modificar as técnicas, iria mostrar para as pessoas como usa-las… então conforme as pessoas iam chegando foi nascendo, aos poucos, o ESTILO BRASIL CONJURE, nosso estilo de Hoodoo, um estilo de Hoodoo para Brasileiros…

Atualmente não sei dizer que existe outra possibilidade de nascer outro estilo de Hoodoo no Brasil, pois quase todas as pessoas que praticam Hoodoo atualmente, aprenderam diretamente ou indiretamente comigo (Kefron), seja pelo facebook, seja pelos sites, seja pelo instagram, seja por vídeos, cursos, workshops, palestras, aulões… e o Hoodoo é como um vírus, ele chega ate você, e você se contamina…

Somos parentes, porque todos no Hoodoo são família, somos família, somos uma família por alguns motivos:

– somos família porque praticamos as mesmas técnicas de Magia, que os Indígenas Norte Americanos, ou os Tainhos, praticavam, com seus sistemas de cura e uso de ervas, para promover a cura, bem estar do corpo, alma e espirito… inclusive é dessa necessidade de curar o próximo, se curar e utilizar elementos verdes que nasce o Rootwork (ou seja, o trabalho com Raizes…) – digamos que pegue um óleo magico do Hoodoo, de cura, e vista (ou seja unto, unjo…) uma vela, espalho algumas ervas de cura ao redor da vela, para dar mais poder e então acendo a vela, e digo: Que possa haver cura na minha vida… – Isso é uma pratica Rootworker, isso é Hoodoo…

– somos família porque é o nosso sangue, em cada um de nossos irmãos e irmãs, conjures e rootworkes, no Brasil, que como nos, aprendem todos os dias, um pouco sobre Hoodoo, uns com os outros, e da mesma fonte… e transmitem o que aprendem sem pedir nada em troca, apenas por acreditar nessa irmandade que é silenciosa… pois o que fazemos não e para os outros é para nós… porque o que fazemos não é para melhorar o mundo, é para nos melhorar, e se o mundo melhora, e se ele se cura, é por consequência do quanto estamos melhores e curados…

– Somos parentes porque é nossas vozes que pronunciam as conjuras que nascem de nossos corações; é nossas vozes que pronunciam as rezas para os santos, deuses, lwas, orixás e espíritos de tantas culturas…

– Somos parentes porque não temos religião quando estamos na presença de nossos iguais, não temos nada, temos apenas nós, nossa amizade, nossos laços de fraternidade…

– somos uma colmeia… parentes por termos o mesmo sangue, por usarmos as mesmas terras, mesmas águas, mesmos óleos, mesmas ervas, em nossos feitiços no dia a dia…

Nos reconhecemos como família por dividirmos os mesmos costumes e peculiaridades mágicos e espirituais de trabalho… 

Somos Conjuradores, Somos Raizeiros, Benzedeiros… sangue por sangue, parente por parente, nos defendemos de forma oculta, nos protegemos, e estamos em todos os lugares… não precisamos declarar fidelidade, nem muito menos fazer promessas e juras, isso é o que nos distingue, o que nos torna uma comunidade unida, nos ajudamos pelo simples fato de pensar que alguém em algum lugar esta acendendo uma vela para que nossa evolução continue…

Isso posso afirmar, como um fato… um fato puro.

 

Texto: Kefron Primeiro

 

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