#78 – O Xamanismo & Hoodoo

Há no Hoodoo partes importantes de grandes culturas religiosas, embora o Hoodoo não seja uma religiosidade, ele agrega em sí técnicas que vieram de grandes culturas como o Vodu do Haiti, parte do Voodoo praticado em Nova Orleans (Note a forma como a grafia das palavras Vodu e Voodoo mudam… isso se dá pelo povo que influenciou a crença no momento da “Colonização” digamos assim), parte veio do xamanismo, por isso do uso constante de simbologias, signos e outros agregados ao conhecimento dos grimórios europeus.

O Xamanismo trouxe para o Hoodoo, o conhecimento da “Matéria Verde” ou seja, o conhecimento das ervas, raízes, cúrios zoológicos (insetos, partes de animais…) e outras curiosidades, não tudo, mas boa parte.

O Xamanismo e o Rootworker

Doutor xamãnico do Kyzyl
Doutor xamãnico do Kyzyl

O xamanismo primitivo acreditava (e quem o pratica nos dias atuais, acredita) que o nosso mundo é apenas “mais” um mundo e que existem muitos outros mundos aos quais não podemos ver – por uma serie de questões que não me cabe debater -, vive nesses mundos seres espirituais, que controlam o clima de nosso mundo, nossos rebanhos de animais e a energia que utilizamos para curar.
Nós mundos invisíveis para nós, existem muitos espíritos e é para lá que iremos quando morremos, voltamos para nossas famílias. Mas de tempos em tempos nasce nesse mundo em que vivemos, pessoas especiais capazes de ir aos outros mundos, e muitos deles possuem a capacidade de conversar com os seres espirituais que regem o nosso. Essas pessoas, ao chegarem em um desses mundos invisíveis para nós, conversam com os espíritos pedindo mais animais para os rebanhos, melhora nas condições climáticas e cura ou maior poder de cura, para libertar os enfermos das maculas. Tais pessoas com dons especiais, eram chamados de “Xamãs” (aquelas pessoas capazes de viver na barreira, no limite desse e dos outros mundos, invisíveis para as pessoas comuns.

Com a chegada dos escravos do Haiti em Nova Orleans, após a revolta, os negros escravos passaram a aprender as técnicas de cura dos índios – que aprenderam os Xamãs de suas aldeias, assim o Rootwork (Trabalho de Raiz) nascia, e com ele nascia o Rootworker (Raizeiro).

Rootworker

São pessoas com capacidade especial para se comunicar com os espíritos de todas as coisas através de suas mãos, pois eles sentem a alma, e com suas mãos a tocam, a manipulam.
São pessoas que fazem banhos, para livrar o corpo de doenças ou para dar a ele poderes especiais. São exímios limpadores energéticos de ambientes, com suas lavagens mágicas de chão, e ainda podem usar o poder que há neles para vincular suas energias as energias de pessoas que estão doentes, assim curando seus corpos – existem muitos Rootworkers que são excelentes praticantes de Reiki – uma técnica de uso energético que se popularizou nas últimas décadas -. Mas o poder de cura que os Rootworkers possuem não vem apenas de técnicas migrantes, mas também de “Pactos” espirituais, que muitas vezes se dá através do “Culto Ancestral” outra característica do Xamanismo.

Chefe Choctaw/General americano Pushmataha, 1824
Chefe Choctaw/General americano Pushmataha, 1824

Marguerite Henry, mãe de Marie Laveau, era praticante de magia Croctaw (pronuncia-se Choctó), bem como praticante de Vodu Caribenho, mas aqui o interessante era que os Choctow era uma tribo indígena, e como Marie Laveau é uma das Ancestrais Espirituais dos Rootworkers e Conjures (por direito ao legado da pratica – por terei se submetido ao desejo de aprender as técnicas) acabam recebendo o poder que elas legam. Assim, muitos praticantes de Hoodoo, prestam culto a essas senhoras, em troca de poder para realizar seus desejos e intentos.

Nota: Esse texto é parte do Curso de Ervas “Rootworker.

Texto: Kefron Primeiro.

 

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